Olá. Escrevo de Portugal. Fui numerária durante sete anos e o que tive sempre foi uma enorme fome de Deus. O meu primeiro contacto com a Obra foi num retiro no qual percebi que tinha encontrado algo grandioso, que me enchia essas ânsias de Deus. Passados seis meses pedi a admissão e tentei encarnar o mais possível tudo o que me era dito ou sugerido.

Devo dizer que agradeço muito tudo o que aprendi na Obra. Ainda hoje vivo um plano de vida em tudo igual a esses tempos de numerária.

O que se passou foi, curiosamente, que comecei a perceber que a Obra não me dava Deus, nem me ajudava a cumprir a minha vocação. Dava-me milhentos critérios, imensos meios de formação e muito pouco espaço para a liberdade interior (aquela que resulta de se ouvir o Espírito Santo e a Ele aderir com plena consciência e pleno consentimento). Era, pelo menos para mim, viver de automatismos, desde o minuto heróico matinal até ao deitar, em cima da tábua. 

Não duvido que muita gente encontra no Opus Dei o sítio certo para viver a sua vocação. Quero acreditar que sim.

Para mim, passados 16 anos desde que saí, continuo com a mesma fome de Deus, a fazer o mesmo plano de vida, agora sem ser em ambiente "plastificado" e, devo dizer, pouco verdadeiro, mas em ambiente real, como se quer a vida.

O problema tem a ver com a Direcção Espiritual, que me é difícil encontrar. Por um lado, se a procuro em sacerdotes da obra, sinto-me retroceder décadas e ouvir discursos como um disco riscado de vinil que só serve para o lixo. (Embora não duvide da santidade deles todos!) E nunca encontrei em outros, fora da obra, a ressonância espiritual que procuro.

Não sei se alguém já passou por isto, mas se por acaso já, gostava que partilhasse e dissesse como resolveu o assunto. Por mim continuo à procura. Nunca dei o meu tempo por perdido e Deus nunca me deixou ficar mal. :)

Abraços!

nadaseperde