Mesmo que não seja possível traduzir o meu texto para castelhano penso que vale a pena dar o meu testemunho sobre um aspecto concreto de que me lembrei ao ler o artigo muito interessante de Gervásio do passado dia 30 de Março.

Gervásio relata até que ponta as conversas fraternas dos numerários (e penso que também dos agregados) podem ser exercícios áridos e repetitivos ao longo de meses e de anos. Ora penso que seria injusto deixar de dizer que a minha experiência de cerca de vinte anos como supranumerária não é assim tão negativa:

-         É certo que por vezes me indicavam para atender a conversa alguém com quem eu não tinha qualquer empatia; chegou mesmo a acontecer que uma numerária me tratou com tanta rudeza que eu me recusei a continuar a falar com ela.

-         Também é verdade que, como expliquei exaustivamente em testemunhos anteriores, eram especialmente desagradáveis as tentativas de “intromissão” na minha vida conjugal e familiar.

-         Mas, de uma forma geral, encontrei nas numerárias com quem fazia a conversa pessoas que sabiam escutar, sobretudo quando eu me sentia mais “em baixo” por causa de problemas profissionais ou familiares.

-         De certo modo, algumas dessas pessoas (em especial aquela com quem fiz a conversa nos últimos três ou quatro anos antes de deixar a obra) funcionavam como uma espécie de “psicólogas” a quem eu podia recorrer gratuitamente…

-         Claro que nunca se esqueciam de insistir no círculo semanal, no retiro anual, no convívio, etc. Mas, acabavam por perceber que a minha vida de jovem mãe com uma profissão muito exigente, não lhes dava “margem” para me pressionarem demasiado.

Enfim, queria apenas contar-vos isto porque penso que certamente muitos daqueles que participam nesta web podem também ter sido bons amigos dos supranumerários/as que atenderam na conversa e ajudado a que as suas vidas tenham sido um pouco menos pesadas.

Marypt