Livro 'O Opus Dei e as Mulheres'.- Viviane Lovatti
Fecha Wednesday, 08 November 2006
Tema 010. Testimonios


 O OPUS DEI E AS MULHERES
 
 
Autoras:
Viviane Lovatti Ferreira (org.)
Betty Silberstein
Clara Assis
Leticia Meireles
Maria Nazareth Rezende
Marilia Gouvêa
Rosidalva Julião
Sonia Maria de Menezes
 

Como as artesãs de outrora, sete mulheres se reúnem sob a coordenação de uma oitava mulher para fazer um tecido. Entretanto, os fios da trama e da urdidura não são de algodão ou lã. São os fios de seda da memória. Aos poucos, o trabalho toma forma, um desenho aparece: preconceito racial e de classe, trabalho escravo, repressão da sexualidade e homossexualismo, celibato e casamento, saúde da mulher, autoritarismo, abuso de poder e doutrinação, destruição do eu, filhos e proselitismo. Esse é o quadro que aparece no tecido a partir da lembrança dessas mulheres que, em suas vidas, mantiveram, ou ainda mantém, alguma forma de contato com o Opus Dei. O que qualifica o seu depoimento é o fato delas serem ex-membros, esposas de ex-membros ou ainda irmãs ou mães de membros ativos do Opus Dei. O livro O Opus Dei e as Mulheres é o mais novo exemplar de uma safra de obras brasileiras que se dedicam a desmascarar essa poderosa organização da Igreja Católica que, sob a rubrica de “prelazia pessoal”, responde por seus atos diretamente ao Papa, por meio de relatórios pasteurizados onde só aparece aquilo que interessa mostrar. Em pleno ano de 2006, e cinqüenta e sete anos após a publicação do Segundo Sexo de Simone de Beauvoir (primeira edição francesa de 1949), Viviane Lovatti Ferreira e suas companheiras lançam luz sobre o modo de pensar e de agir de uma organização que submete as mulheres à discrição, ao cumprimento de tarefas domésticas, à criação e educação de filhos, entendendo, enfim, que metade da humanidade deva exercer um papel secundário, onde a inteligência não seja exigida. Portanto, um meio social artificial onde todos os avanços alcançados pelo movimento feminista são solenemente ignorados. Sob a forma de entrevista e com a linguagem leve de uma conversa entre amigas que tecem, o livro introduz o leitor em um mundo sombrio onde o corpo de homens e mulheres deve ser mortificado por meio de banhos frios, autoflagelação e uso do cilício, mas que, no caso delas, adiciona-se mais um martírio: dormir sobre tábuas. Como não ver nessa prática o sintoma de uma mentalidade arcaica que ainda considera a mulher mais sensual e mais fraca em relação aos instintos do que o homem? A resposta oficial do Opus Dei é que dormir em tábuas faz bem para a coluna. Mas a pergunta que surge então é a seguinte: só faz bem para a coluna feminina? Ao lançar um olhar feminino sobre essa máquina infernal de destruição da psique humana, o livro O Opus Dei e as Mulheres a um só tempo desmascara a face angelical que se quer transmitir por meio da missão de “santificar o mundo” e completa outros testemunhos já publicados, uma vez que esses foram feitos por homens que, por imposição das normas dessa organização misógina, devem ficar a léguas de distância das mulheres.

Prefácio de Maria Amalia Longo Tsuruda, doutoranda em história e historiografia pela FEUSP..









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