PARA JOSITO de una ex-numeraria Brasileña.- Luciana
Fecha Wednesday, 29 March 2006
Tema 075. Afectividad, amistad, sexualidad


Querido Josito y todos...

Desafortunadamente tere que escribir en Portugues, pues como ya terán notado, mi Español escrito es malisimo!!:-)) Hablo y leyo Español sin problemas, así que si tu, Josito, a quien dedico esas lineas, o otro que si interese en escribirme, pueden hacerlo en su lengua. Apenas espero que puedan compreender algo de Portugues. O , si  lo prefieren, puedo escribir aqí en Ingles...Como quieran...

Bueno...

Josito, acabei de ler sua carta em que você diz que não consegue "enamorarse" e que já se conformou com a possibilidade de nunca vir a se apaixonar, depois que saiu do Opus Dei. Interessante eu ter lido essa sua colocação agora, porque acabo de chegar de uma sessão de terapia psicológica em que justamente falava desse mesmo tema! Depois de 17 anos que saí do Opus Dei, ainda me encontro com essa terrível sensação de não me sentir capaz de me apaixonar! Cheguei a conclusão hoje em minha sessão de terapia que essa "sensação" de incapacidade é apenas uma "sensação" e não uma incapacidade irreversível. Ou seja, é possível enamorarse sim, mesmo tendo sido submetido a um convívio forçado com pessoas que não escolhemos como família, nem como amigos, nem como diretores espirituais dentro da Obra. Não é fácil, e acredito que essa sensação pode permanecer até mesmo para sempre, no pior dos casos, mas hoje, pela primeira vez desde os meus 16 anos - quando conheci a Obra - comecei a acreditar que sim, que é possível enamorarse sem remordimientos, nem sentimento de culpa...



Eu tenho 37 anos, fui casada com um homem absolutamente maravilhoso, "maja"- como dizem vocês- companheiro, que me amava enormemente e a quem eu também amava, e ainda amo, não mais  com “paixão”, mas com o mais puro dos amores. E por que me separei? Bom, uma separação nunca se baseia em apenas uma causa, não é? Mas, aos poucos, começo a entender que um dos grandes fatores foi que eu não consegui me entregar completamente, que de alguma maneira me sentia amarrada a um passado e a uma forma de sentir que eu não reconhecia como minha. Hoje, hoje mesmo, dia 28 de Março, comecei a entender que eu jamais poderia me apaixonar de verdade por ele, para sempre, porque eu já não sei o que é se apaixonar - o que parece ser o seu caso, não é? Não sei mais o que é amar...É claro que me "apaixonei" e "amei" meu querido ex-marido...também pensei ter me "apaixonado" por outras pessoas desde então...O fato é que, no fundo, eu não me reconhecia nesses sentimentos...Pelo simples motivo de que eu já não sabia mais quem eu era e não sabia mais sentir por mim mesma! Triste constatação, não é? E também muito humilhante...Sinto-me  uma estúpida, tenho uma dor imensa e eterna por não ter tido condições emocionais de levar meu casamento adiante...Apesar de não ter tido intenção, me sinto culpada por ter feito meu ex-marido sofrer ao ter que pagar as conseqüências de tanto desequilíbrio emocional de minha parte, forjado cuidadosamente em meus anos de Opus Dei. O interessante é que ele me perdoa, mas eu é que tenho dificuldade de me perdoar.

Por isso tudo, entendo perfeitamente quando você diz que não quer fazer outras pessoas sofrerem com sua "falta de capacidade" de se envolver emocionalmente, por se sentir vazio...

Eu, como você, envolvi-me com algumas pessoas depois que deixei a Obra, mas essa sensação de vazio sempre esteve presente, a ponto de eu achar que amor não existe, que a vida não faz sentido e tantos outros sentimentos desse tipo.

Hoje, no entanto, tive um grande "insight". Descobri dentro de mim que, a razão pela qual eu me sinto vazia e sem capacidade de amar, é que eu ainda trago em mim o "modus amandi (se é que isso existe) da instituição que o fundador modestamente quis chamar de Obra de Deus! E esse"modus amandi" de fato só pode nos fazer sentir vazios... Como sentir um amor realizador e pleno, aquele amor verdadeiro que vem de ser parte da criação de Deus, se temos que amar por obrigação!? Temos que amar por obediência, temos que amar segundo princípios que nos são impostos por pessoas a quem somos obrigados - por "amor a Deus e ao Espírito da Obra" - a amar! E como temos que demonstrar esse "amor sobrenatural"? Através da obediência cega e sem questionamentos, através de conversas "obrigatórias" em que somos obrigados a “abrir nosso coração”, na verdade humilhando-nos e emaranhando-nos nos mais inúteis detalhes?! Como podemos ver sentido em "amar" a Deus, se esse amor é medido de maneira tão mesquinha?! Como podemos amar a Deus e a outras pessoas se aprendemos que amar é seguir regrinhas?! Quanto mais regras formos capazes  seguir, maior é o nosso “amor”!! Regras até sobre a melhor maneira de falar com Deus, sentados, desconfortavelmente de preferência para "disciplinarmos" nosso corpo para não deixar nossa alma voar? Mesmo que nossa alma sinta a grande ânsia de voar para esse mesmo Deus? Eu , por exemplo, sempre rezei melhor deitada, ou sentada de maneira mais relaxada...Mas, imagina!!!!! Temos que ter “postura” para falar com Deus!!!! Espera aí!! Não deveria ser eu quem deveria escolher a melhor maneira de EU falar com MEU DEUS, MEU PAI, MEU CRIADOR??? Não na Obra...Como vamos amar nossos amigos, se temos que seguir com eles, e, por "amor" a eles,"planos apostólicos" tão mecânicos e sem espontaneidade, com tantas regras para "convencê-los" a fazer o que nossos diretores têm planejado para eles? Como não nos  sentirmos uns crápulas, traidores, pois sabemos que estamos "usando" nossos amigos?

Claro que, se temos a coragem e a oportunidade de parar para pensar - e isso geralmente só acontece de fato depois de sairmos da Obra, já destroçados e desiludidos - só podemos chegar à conclusão de que AMAR É SUJO, É ENGANOSO, É SIMPLESMENTE VÃO!!! E se é esse amor que trazemos marcados em nós após ter DESAPRENDIDO a amar na Obra, é claro que amar não vai fazer sentido, e, por conseqüência, VIVER PASSARÁ A FAZER MENOS SENTIDO AINDA! Como é que vamos nos deixar amar e ser amados, nos apaixonar e deixar que alguém se apaixone por nós, se nos acostumamos a associar AMOR A INTERESSES ESCUSOS, A INTERESSES QUE NEM MESMO SÃO OS NOSSOS? Como amar sem sentir culpa e sem sentir que estamos usando alguém e sendo, por nossa vez, usados? Como deveríamos ser capazes de nos entregar a tão nobres sentimentos, quando, justamente porque um dia manifestamos nosso enorme AMOR A DEUS  a pessoas que não tem a menor noção do que seja amar e ser amado - ou pelo menos  que já se esqueceram ou foram levados a esquecer de como é isso -  e essas mesmas pessoas (aqueles membros que nos “trataram”) usaram esse nosso AMOR para nos afastar do que realmente é amar???

Sabe Josito, e por ventura alguém que compartilhe desse meu modo de ver, a única saída que achei é a de tentar separar a MINHA NOÇÃO DE AMOR - A DEUS E AO PRÓXIMO ANTES DE CONHECER A OBRA E DEPOIS!!!! Hoje fiz esse "exercício" em um papel e fiquei surpresa, mas feliz, com o resultado! Vi ali, preto no branco, que toda essa sensação ruim de amor que hoje trago no peito NÃO É MINHA!!!!!!!! É DO OPUS DEI E DE SEU "MODUS AMANDI"! Procurei me lembrar de como eu era antes de conhecer a Obra, de como eu entendia e vivenciava o  amor, a Deus e ao próximo!!! E, sabe??  PELA PRIMEIRA VEZ EM QUASE 20 ANOS ME RECONHECI NOVAMENTE!!!!!!

Na hora me deu uma grande raiva por ter tido meus reais valores e meu modo de ser totalmente distorcidos em favor de um amor distorcido...Mas também me deu uma grande alegria por perceber que É POSSIVEL SIM ENAMORARSE E AMAR DE NOVO!!!!!! Sabe como??? Tentando restabelecer o meu EU de antes de conhecer o Opus Dei!!!! Tudo bem, parece fácil dito assim, não é? E, por experiência própria, sei que não é!!!! MAS PELO MENOS, DEPOIS DE MUITOS ANOS VEJO UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL E UMA ESPERANÇA DE RECUPERAR O MEU “MODUS AMANDI”!!!!!!!!.

Josito, não sei se vou conseguir, mas eu certamente vou tentar! E com a sua ajuda, com a ajuda de outros que sabem exatamente do que eu estou falando e de aqueles que realmente me amam como eu sou e não querem mudar meu jeito de ser e de amar, pois me amam pelo que eu sou - aqui incluo Deus, esse sim me ama como eu sou, pois Ele me criou- tenho esperança de voltar a amar de novo... E espero que o mesmo aconteça com você e com todos os que se sentem "vazios" e que acham que estão condenados a viver sem amor...

Desde já, receba você, Josito, e todos, o meu grande e verdadeiro amor...

Se alguém se sentir interessado em me contactar diretamente faça-o através deste site ou pelo email.

Um grande abraço,

Luciana

Brasília - Brazil

Texto traducido al español







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