Para Amapola -ex numerária auxiliar- de ex-supernumerária.- Tibete
Fecha Friday, 15 October 2004
Tema 077. Numerarias auxiliares


Para Amapola (ex numerária auxiliar) de Tibete (ex supernumerária)


Amapola, te quiero mucho!

Eu fui uma supernumerária muito jovem. Estás tu, Amapola, a pensar "o que é que vem esta criatura dizer-me?" Pois, nada de novo! Apenas pretendo dizer que te admiro a ti e a todas as numerárias auxiliares ainda pertencentes à Obra. Admiro-te a ti, Amapola, porque tiveste a fortaleza e coragem de sair e a vontade e sinceridade de partilhar a tua experiência. Por tudo isso, te agradeço!

Mas perante a tua mensagem de 4 de Outubro quero acrescentar: Amapola, o processo de reconstrução pessoal é/foi doloroso e difícil para todos nós. Eu fui supernumerária e só agora, passados mais de 20 anos sobre a minha saída do OD, falo (+/-) abertamente sobre o assunto!!! E a minha história não é nada, face à tua história ou à experiência da maioria das pessoas que escrevem neste website! (situação essa que, vou confessar-te, me inibe imenso! Tal como tu escreveste, todos eles escrevem tão bem que eu fico paralizada!)

Enquanto fui do Opus Dei, tive vários contactos com as numerárias auxiliares. Penso que isso fez parte da minha formação - eu era uma supernumerária, não casada, que futuramente teria um lar - esse lar deveria ser um exemplo opusdeico! (pai, mãe, filhos e empregada do OD!!!) Contudo, independentemente do que me iam instruíndo, para mim e na minha cabeça, as numerárias auxiliares, as minhas "irmãs pequenas", eram as MAIORES dentro de Casa. Maiores que as numerárias que já eram muito grandes! Sempre me questionei como é que era possível existirem pessoas que desejavam ser sempre criadas de outras, para toda a vida! No meu entendimento, essas pessoas eram as mais santas de todas, que eu admirava estarrecida!

Uma das coisas que registo foi o facto de, no momento da minha saída de Casa, não ter nenhuma numerária auxiliar a acompanhar-me à porta. Não digo isto por um sentimento de falta de subserviência, mas antes por falta dum acompanhamento cúmplice, dum entendimento mútuo... entre mim e as numerárias auxiliares daquela casa.. que até podia existir, mas... como a Amapola descreve, não era consentido... percebo eu, agora, depois de ler o que relatas, Amapola!

Tinha eu 16-17 anos de idade, mais ou menos acabada de apitar, quando me pediram para dar explicações de Geografia às numerárias auxiliares com o objectivo de as preparar para os exames nacionais do 9º ano (não recordo com precisão o momento desta história). Aceitei (claro! A "proposta" foi-me apresentada como um facto adquirido! O pior veio quando eu contei aos meus pais o que andava a fazer! - Segundo eles, eu estava a ser explorada!.. Relatei na conversa fraterna os comentários dos meus pais e ..........passei a ser paga pelas explicações que dava - recordo bem porque me soube a ouro!: 20$00 à hora!!!!!! - vejam o ridículo desta quantia, mesmo que fosse em 1976 ou 77 ou 78 no máximo)

Passei, então, a frequentar um Centro de numerárias auxiliares - ficava na R: João Crisóstomo, penso que se chamava Miralar, mas não tenho a certeza. Desta experiência há vários aspectos que me marcaram e que nunca tinha percebido até ler o relato de Amapola. Entre esses aspectos contam-se os seguintes:

- Nunca estava ninguém (nadie) no Oratório; (pois, coitadas entre planchar e aplicar as disciplinas teníam mucho para hacer!!!!)
- Passei a celebrar a Eucaristia diária ali, mas... estava sozinha!!! (Fiquei tão constrangida - como se o sacerdote só ali estivesse por minha causa - que comuniquei que iria à Eucaristia noutro sitio!)
- Durante as minhas aulas de Geografia, nas quais eu fazia tudo por serem dinâmicas....... elas, as numerárias auxiliares, DORMIAM!

Eu penso que percebia o seu cansaço e só as acordava no fim da aula - outras havia que tinham acompanhado tudo! (pelos relatos da Amapola, deveriam ser as que ainda não eram de Casa).

Serve esta mensagem para dizer à Amapola - o que viveste e aquilo a que sobreviveste faz de ti uma grande mulher! Tem confiança em ti porque tu és a MAIOR!

Deixa-me abraçar-te com aquele abraço que não tive quando saí de Casa, um abraço de cumplicidade porque ambas iriamos sair....

Tibete



del oreja: Daniel, que además de planchar, saca tiempo para traducir al español, nos enviará próximamente el correo de Tibete traducido. Mientras tanto, hay una web que traduce pasablemente del portugués al español. Gracias Tibete. Un abrazo de Santi.



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