Luzes e sombras. Minha experiencia de supranumeraria (1).- Marypt
Fecha Monday, 04 October 2004
Tema 010. Testimonios



LUZES E SOMBRAS DA MINHA EXPERIENCIA DE SUPRANUMERÁRIA DO OPUS DEI

MARYPT (Primera entrega) 

Disponible traducción al español




1. Introdução 4.10.2004



Introdução

Há alguns meses que estou em contacto com o vosso site, cujo conteúdo é para mim de grande interesse, uma vez que durante mais de duas décadas tive – com diferentes situações pessoais – ligação íntima com o Opus Dei em Portugal.

Considero que os objectivos de "opuslibros" são muito importantes pelas razões que quase todos os participantes invocam: ter acesso a livros, documentos e textos acerca do Opus Dei, a maioria dos quais ficaria ‘escondida’ se não fossem as virtualidades da net; tomar conhecimento de uma quantidade imensa de testemunhos de ex-membros e de outras pessoas de alguma forma afectadas pelo Opus Dei; poder esclarecer muitas das dúvidas que ao longo dos anos se foram acumulando dentro de nós acerca das dimensões ‘pouco transparentes’ do Opus Dei; etc...

Queria dizer-vos que me impressionaram (e continuam a impressionar) os testemunhos dolorosos, sofridos, inquietantes, de tantos ex-membros. E queria dizer-vos que a principal razão que me leva a começar a escrever neste site é a convicção fortíssima de que tais testemunhos são cruelmente verdadeiros!

Como ficar indiferente perante tanto sofrimento, especialmente de ex- numerários/numerárias, ex-agregados/agregadas e – ainda mais – de ex numerárias auxiliares?!

Tendo sido ‘apenas’ associada supranumerária, reconheço que o balanço que faço sobre a minha relação com a O. é muito menos negativo. Por isso, escolhi o título de "Luzes e Sombras da minha experiência…". E devo acrescentar que as luzes foram bem mais do que as sombras, pelos motivos que diversos participantes já salientaram: a situação própria dos supranumerários/as permite uma grande margem de liberdade na vida e actuação de cada um; por isso, posso afirmar que não fui vítima de uma ‘imersão na instituição totalizante’, a minha personalidade não sofreu alterações, nem a minha vida se tornou um inferno… como sucedeu a tantos de vós!

Qual pode ser então o interesse da minha participação?

A este pergunta respondo da seguinte forma:

Não sofri pessoalmente os efeitos preversos da actuação do O.D., mas conheci-os de muito perto, tanto pelos caminhos que tentaram que eu trilhase, como sobretudo pelo que sucedeu com familiares próximos e com um grande número de amigas e conhecidas minhas;

Na minha vida a presença do O.D. teve aspectos positivos (ou até muito positivos); mas desde sempre houve também aspectos negativos, sobretudo, 'dimensões obscuras' da actuação dos directores do O.D. que me fizeram estar 'alerta'. Com o passar dos anos, esses aspectos negativos foram ganhando importância, ao ponto de se tornar para mim impossível continuar no O.D.

Tendo lido muito do material que consta do site, apercebi-me de que, com base na minha vivência de muitos anos no O.D., posso transmitir factos e reflexões que não encontro habitualmente tratados nos múltiplos textos de "opuslibros".

Concretização

Proponho-me, assim, ao longo do tempo, escrever acerca da minha esperiência na Opus e com a Opus, começando antes de mais por me referir às causas mais próximas do meu afastamento do O.D. que são as seguintes:

Convicção firme de que o ‘modelo de vida’ que me era exigido enquanto supranumerária não era compatível com a minha vida de mulher casada e com filhos; por outras palavras, que a pertença ao O.D. em vez de me ajudar na minha vida pessoal e familiar quase só a complicava ou até mesmo a prejudicava!

Verificação de que a actuação, tanto de responsáveis do O.D., como de muitos dos seus membros, se reconduzia a uma autêntica ‘concertação de interesses’ em diversas vertentes: objectivos profissionais, económicos, financeiros, talvez mesmo políticos, etc. Tudo isto era (e é) radicalmente incompatível com a atitude de independência e autonomia que sempre tive na minha vida pessoal e profissional.

Objectivos da minha participação

Considero que – de uma forma geral – as participações no site são feitas com sinceridade e transperância. Também eu pretendo actuar desta forma, pelo que gostaria de explicar o "porquê" da minha participação:

Antes de mais, também sinto necessidade de 'desabafar' junto de pessoas que possam compreender realmente aquilo que de que falo, bem como os meus sentimentos contraditórios em relação à minha relação com o O.D.

Mas, a razão principal é a seguinte: perante a dimensão e a seriedade do vosso site, nasceu em mim a esperança de que o material que nele existe possa um dia vir a contribuir para que a hierarquia da Igreja altere a posição de passividade perante o O.D.

Na verdade, vivendo eu intensamente a fé cristã, sentindo-me parte integrante da comunidade que é a Igreja e tendo uma admiração e um carinho profundos pelo Papa João Paulo II, creio que – como noutras épocas históricas, algumas bem mais terríveis – será possível 'aplanar os caminhos e endireitar as veredas'!

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