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 Tus escritos: Os agregados que eu conheci.- Paulo Andrade

076. Agregados
Paulo Andrade :

A propósito do último escrito do João Pinto (Vicereifoz) e de muitos outros que, por estes dias têm aparecido, resolvi, também, falar um pouco sobre os agregados ou, para ser mais exacto, sobre os agregados que eu conheci.

 

Os adscritos (assim se chamavam os agregados em Portugal quando eu apitei) foram para mim, e durante muito tempo, a face visível do opus. E devo dizer que foram uma face risonha, carinhosa, amável, exemplar mesmo. Efectivamente só na manhã do dia em que pedi a admissão é que soube que o iria fazer como sócio numerário. Ao ver o desapontamento na minha cara o agregado que falava comigo disse-me para não me preocupar que era praticamente a mesma coisa só que os numerários viviam em centros da obra. A explicação chegou-me perfeitamente. O importante era pertencer àquele grupo...



O Mira Clube, um trabalho pessoal (lp) dos agregados do Porto era uma instituição sui generis e completamente atípica (só percebi isto muito mais tarde). Estamos em 1974

 

Imaginem uma casa enorme (aliás a junção de várias casas) no centro da cidade do Porto, numa freguesia muito pobre onde as casas não tinham esgotos, água canalizada, etc. A decoração era no mínimo bizarra para a época e era feita com o lixo que ninguém queria. Hoje algumas daquelas peças seriam vintage mas os candeeiros de plástico, os sofás de napa e pergamóide vermelhos e pretos, etc, tudo isto tinha um ar absolutamente indescritível.

 

O campo de futebol era de terra, cheio de buracos. Não havia balneários apenas mudávamos de roupa num compartimento que tresandava. E por aí fora.

 

Nestas instalações funcionava um externato nocturno (aulas nocturnas para trabalhadores) e um incipiente clube juvenil.

 

Havia no entanto outras coisas que tudo suplantavam. A primeira dessas "coisas" eram  as pessoas, os 5 agregados que comandavam aquelas tropas, dois dos quais estão, felizmente, presentes nestas páginas. Gente variada, com profissões diversas e muito - mas muito mesmo- divertida. Eram pessoas que viviam em quartos alugados e, num caso, em casa dos pais. As refeições tomavam-nas sempre fora em restaurantes baratos do centro da cidade. Eram bastante normais se os compararmos, por exemplo, com os numerários e os numerariozinhos (os que tinham a minha idade) que eu fui conhecendo. Estes, salvo raras e honrosas excepções, eram mais circunspectos, menos espontâneos, não diziam palavrões (tacos, palabrotas) e contavam anedotas sem piada nenhuma. Aliás, só apareciam por lá para investidas apostólico/proselitistas de escasso e duvidoso sucesso. Alguns eram mesmo bastante gozados por nós.

 

Este pequeno grupo de agregados deixava a rapaziada funcionar com bastante liberdade e faziam-nos participar na construção daquele projecto. Com efeito passávamos horas a pintar, a carregar entulho, a cortar mato, a limpar. Tudo regado com muita diversão e muita barafunda. È claro que também havia as meditações (curtas e que tinham lugar numa vulgar sala de estar) a direcção espiritual, os círculos. Nós sabíamos que havia uma "coisa" chamada opus dei a que pertenciam aqueles homens e que dava formação. Como éramos católicos e íamos à Missa, o clube era uma alternativa muito mais aliciante do que os grupos paroquiais ou os escuteiros. Era mais divertido, as actividades mais desafiantes e arriscadas.  Por esta altura não se questionava nada apenas éramos confrontados com pessoas exemplares e, como típicos adolescentes, começávamos a interiorizar paradigmas e modelos.

 

Nos acampamentos, por exemplo as tendas eram panos rotos seguros com paus e com pedras. Não havia nenhumas instalações de apoio a não ser o mato e algum ribeiro para as nossas necessidades fisiológicas básicas. A comida  era deliciosa e abundante, confeccionada por um cooperador a quem todos chamávamos (e chamamos) pelo seu apelido. Vamos supor que era Rodrigues. Era e é o Rodrigues embora o seu nome seja (continuamos a supor) Alberto. Também isto era anormal para o opus que prezava muito as boas maneiras e o ar de família mas, felizmente, nada nem ninguém conseguiu mudar esta realidade.

 

Alguns retiros também tinham as suas particularidades: eram feitos numa pequena casa da família de um sacerdote numerário. Um belo dia, em meados dos anos 80, a senhora que habitualmente ia cozinhar mostrou-se indisponível. O problema é que só soube disto quando já lá estávamos todos. Fiquei em pânico. Imaginem um jovem numerário com vinte e tal anos, habituado a cama, mesa e roupa lavada, a ter de cozinhar para aquela gente toda (devíamos ser uns 10). Mais uma vez o Rodrigues salvou a situação. Veio de Porto e cozinhou para todos com o esmero que lhe era próprio. Lembro-me de estarmos a rezar o terço e a lavar a louça. Atípico, não acham? Mas muito divertido.

 

Tudo isto acabou, melhor dizendo, foi acabando aos poucos pelos meados da década de 80. Coincidiu com a fase do endurecimento do Portillo e com aquilo a que chamo, a profissionalização dos numerários. Efectivamente começaram a ser nomeados directores que não tinham espaço mental para estas diferenças, que não conheciam o modo de vida peculiar e muito exigente dos agregados e que pouco mais sabiam fazer além de serem directores de centros, i.e., atazanar a cabeça das pessoas com critérios, exigências disparatadas e arbitrárias.

 

Esta entrada em força dos numerários naquele reduto relativamente saudável de agregados deveu-se, também a outro factor. Com o passar do tempo o Mira Clube acabou por ter umas excelentes instalações (pagas com o dinheiro dos agregados que não era enviado para a comissão regional) e muita gente a frequentar as suas actividades. Pessoas e património, portanto. Duas realidades apetecíveis, muito apetecíveis, para o opus. Primeiro mandaram os batedores abrir caminho, fazer o dirty job (mesmo em sentido literal porque no sentido figurado os especialistas são os directores). Depois estenderam a longa (e solícita) manus e invadiram aquilo tudo como os eucaliptos fazem: secando, estiolando mas sempre, também como os eucaliptos, com uma aparência muito verdejante e bem cheirosa, isto é, cheirando a eucalipto que é aquilo a que também cheiram alguns detergentes para casas de banho.

 

Estes numerários de má memória também se caracterizaram por fazerem uma descarada discriminação dos agregados em função das suas afinidades pessoais: passou a haver agregados que tudo podiam fazer e outros que quase tinham de pedir licença para respirar. Passou a haver agregados que eram tolerados e levemente gozados (são coisas do fulano, ele é assim, diziam com um sorriso trocista) e outros elevados a autoridades indiscutíveis em tudo. Escusado será dizer que estes últimos eram os trafulhas e os trapaceiros. Os que faziam os fretes todos, as operações financeiras duvidosas, as operações jurídicas convenientes.

 

Um outro facto que sempre me desconcertou foi a ânsia que os directores tinham de porem todos os agregados a estudar. Se o fizessem por uma questão de valorização pessoal eu perceberia perfeitamente. O problema é que, do meu ponto de vista, pretendiam apenas uma "nobilitação" da condição de agregado. Um pouco como o Escrivá fez com o marquesado. E isto é completamente errado e subverte a própria noção de agregado que passa a ser uma versão light do numerário, um híbrido à procura do seu lugar ao sol. Se calhar isto apenas demonstra o grande desacerto que todo o opus é, tornando patente as motivações exclusiva ou principalmente humanas que presidiram à sua criação , desenvolvimento e manutenção.

 

Com isto quero prestar a minha homenagem aos agregados do Porto que na sua maioria, são pessoas excepcionais. Hoje em dia, infelizmente, muito menos alegres do que há trinta anos atrás. E digo menos alegres porque não quero dizer tristes!

 

Paulo Andrade

 

 

Nota - Os agregados no Porto eram 5 no ano em que eu apitei . Hoje em dia são 4   ( o mais novo  tem cerca de 45 anos e apitou há quase 30 anos). Ao longo destas décadas bastantes entraram e saíram. Em Lisboa o panorama é muito semelhante havendo, calculo eu, cerca de 6 agregados. Apenas não houve, em Lisboa, tantas entradas e saídas mantendo-se este grupinho estável há cerca de três dezenas de anos.




Publicado el Friday, 12 September 2008



 
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